AUTORIA: Preto Du e Jorge Hilton
Meu nome é Preto Du e não me venha perguntar
Meu nome é Preto Du e não me venha perguntar
Antes que você pergunte eu
já vou lhe adiantar
Porque preto no meu nome se
eu tenho a pele clara?
A resposta é bem clara, ã, ã,
é bem escura
Então encara essa loucura com
bastante lucidez
E escuta a história que eu
conto pra vocês
Era uma vez um menino que
nasceu, cresceu
Tendo tudo muito fácil, se
desenvolveu
Mais de pensamento ágil, como
poucos tem
E que se desviou da linha do
trem
Tem vergonha de uma história
onde ele mesmo explora
E é nessa hora de vergonha que
seu pensamento aflora
E aflorou, feito uma
primavera
Então pra esse menino
começou uma nova era
Era de revolta, e de
conhecimento
O pano branco é da paz? Com
que embasamento?
Foi lá no dicionário
procurou e achou
P-A-Z
Pensou, pensou e logo constatou
Não tem, nada, a ver
Com dominação, com
escravidão,
Discriminação, racismo, cinismo
Apaguem as luzes: - vai
estudar melhor o iluminismo
Preto Du (violentamente pacífico)
(violentamente pacífico)
Preto Du (violentamente pacífico)
(violentamente pacífico)
Eu podia deixar a correnteza
me guiar
Mas NÃOOOO, eu remo contra a
correnteza
Bote fé vai ser difícil mas
um dia eu chego lá
Então, pode ter certeza
E pra aqueles que estão
boiando sem canseira
Um dia vão cair numa enorme
cachoeira
E aí por mais que você chore,
que você grite
Se escapar, já vai estar na
mira do meu rifle
Aprendi que a raiva é
necessária
Ela me da força pra vencer
nessa batalha
Alimento os sentimentos que
habitam no meu corpo
Os pensamentos tão escritos
para quando eu estiver morto
Louco? Sou sim, pode me
trancar no hospício
Mas mudar minha ideologia
vai ser difícil
DE - NE - GRI - DA
Esse nome vai, deixar sua
mente possuída
Vou te ferir e jogar sal na
sua ferida
Vou denegrir, com minha
letra atrevida
Privilégio, no colégio
Na saúde, no comércio
Religioso, eu tenho porque eu
tenho pele branca
E quem tem e não se manca
Mente pra si mesmo e se
engana
Com a historia de primário e
insana
Se tem negros completamente
embranquecidos
Sou um branco completamente
denegrido
Preto Du (violentamente pacífico)
(violentamente pacífico)
Preto Du (violentamente pacífico)
(violentamente pacífico)
Cotas para negros, a elite
se impondo
-“racismo as avessas” alguns
brancos supondo
Que o preconceito pode
aumentar
Que a qualidade de ensino
vai fraquejar
Haha, muito engraçado
Fale por você e não por quem
ta do seu lado
Te faço uma pergunta me
responda com cuidado
O teu preconceito teria
aumentado, aumentado?
Se teu preconceito aumenta,
tu é preconceituoso
Se o ensino despenca o
professor é perigoso
Que se foda, a discriminação
racial
O objetivo das cotas é
ascensão social
Quantos negros na Tv nós
vemos?
Quantos negros no poder nós
temos?
Quantos escritores negros
nós lemos?
E o que fazemos?
Não fazemos nada
É como se uma historia inteira
fosse apagada
Mas não se apagou, (her) se
superou
E aqui estou, como um
professor
Pra te dar uma lição, uma aula
Guarde na tua alma, mas
tenha muita calma
A verdade dói, mas o que
arde cura
E pros cabeça dura a solução
é a sepultura
REFRÃO
O saque ta no pseudônimo, na
provocação
Preto Du, aquele que não
precisa não
Se dizer, afirmar
afrodescendente
Negro, pra ser aceito entre
a gente
“Mais negro que muitos
negros”, na moral
Se eu falasse isso, me
sentiria irracional
Sou Eduardo Filho que no
trilho racial
É branco no nome e condição
social
Pros mestiços ou radical ao
quadrado
Mais cedo ou mais tarde, a
vida vai te dar o recado
Nem todo branco é inimigo,
nem todo preto é aliado