AUTORIA: Preto Du
Lucas é um rapaz interessante
Garoto de família, dedicado estudante
Esportista, no boxe não falta um dia
Ta na lista dos mais bonitos da academia
É, é um jovem esforçado
Ta estudando direito, quer ser advogado
Seguindo os passos do pai, juiz consagrado
Alem de filho, Lucas é bom namorado
A Aninha é quem diga,
Difícil ver um casal assim que quase não briga
Lucas tem mais ou menos a idade do André
Garoto de família, humilde, sabe como é
Um aperto aqui e ali, mas é feliz
Filho da Dona Guta com o Seu Luis
Seu Luis é dono de barraca de praia
Trabalha, mesmo que uma tempestade caia
E o André vaidoso como o Lucas
Anda bem vestido e deixa as menininhas malucas
De dia ajuda o pai na barraca,
A noite nos estudos ele ataca
É viciado em tênis, boné e camisa
Ganha pouquinho mas economiza
Quase não sai pra sustentar esse vício
É feliz apesar da vida difícil
É, mas o André anda meio preocupado
O rosto de seu Luis tá mais enrugado
O olhar afundado, hipertenso estressado
Alguma coisa lhe deixava irritado
Deve ser pelo boato que rolava
Que tinham assinado um documento que determinava
A derrubada das barracas da orla de salvador
O boato era verdade e a luta começou
(Reuniões e mais reuniões)
Entre a população (varias opiniões)
Muita gente achou a ação necessária
Concordavam com a vigilância sanitária
Que afirmava péssimas condições de higiene
Pimenta no dos outros não é pimenta, é creme
Mas pra seu Luis é pimenta de acarajé
E no dia da derrubada, juntou com o André
“Pra derrubar minha barraca, primeiro me derruba
Não acredito em promessa de nenhum filha da...”
Guerreiro é guerreiro e os tratores foram embora
Mas alegria de pobre dura pouco e não demora
No dia seguinte como já é de rotina
Pegar o busão cheio as 6 da matina
Caminho longo do morro ao asfalto
Tempo depois, a pressão de um hipertenso foi ao alto
Via, mas não queria enxergar o que não enxergava
Os restos de madeira, o freezer que queimava
“não dá, não da pra acreditar
Geladeira, freezer, nem acabei de pagar”
No dia seguinte o prefeito falou:
“Não se apavorem, tenham calma por favor
Perdeu uma geladeira, mas vai ganhar um isopor”
Um ano se passou e o desemprego é aumentou...
Lucas faltava as aulas de sociologia
Achava que não importava pro curso que se cumpria
He, he, tal pai, tal filho
Bonito de ver, o Lu seguindo o mesmo trilho
Sexta feira a noite e se despede do pai
Doutor Carlos reclama: “todo dia cê sai”
E noite foi boa, a noite foi nervosa
DJs, bebidas, mulheres gostosas
Mas dessa vez o Lucas saiu desacompanhado
E andando até o carro que estava estacionado
Foi surpreendido por um jovem revoltado:
“Eu vou te roubar porque um dia eu fui roubado”
Mas o Lucas é lutador, reagiu, lutou
Mas não tem peito de aço, não é robô
Foi surpreendido com um tiro na barriga
Bye, bye Lucas, ta perdendo a sua vida
Na fuga o assassino deixou cair a identidade:
Andre da Silva Andrade
Revoltado, viciado, desempregado
E pela classe media foi julgado
Agora preso, algemado, enjaulado
Mais um bandido fabricado pelo estado
E no enterro do Lucas deu muita gente
Seu pai chorava muito, muito, tão inocente
Sem saber que o dedo dele também tava no gatilho
Adivinha, de quem o Lucas era filho
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